25º Congresso do IBGC
25º Congresso do IBGC debate Cultura de Governança e Desafios do Brasil | Por Ernani Fagundes, jornalista especializado em informações econômicas, financeiras e do mercado de capitais.

O 25º Congresso do IBGC de 2024 trouxe como tema central a “Cultura da Governança e os Desafios do Brasil”. Em outras palavras, o evento abordou como a “governança corporativa” pode ser implantada na prática (na cultura) nas empresas e entidades. Em resumo, o Congresso tratou mais de ações efetivas que devem ou que estão sendo tomadas, do que regulamentações a serem criadas para esse fim.
Nesse aspecto, vale observar para investidores pessoas físicas, que a adoção de práticas de “governança corporativa” agrega valor de mercado (valuation) para os negócios e zela pela perenidade das empresas para o longo prazo.
A “governança corporativa” é o G da sigla do conceito de ESG (de boas práticas ambientais, sociais e de governança)”.
Congresso do IBGC – Governança Climática
Um dos debates mais relevantes do 25º Congresso Anual do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) de 2024 foi a questão do impacto das mudanças climáticas.

O painel “Governança Climática: saindo da retórica para prevenção de tragédias” teve a participação de Denise Hills, Conselheira, pioneira dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) pela Organização das Nações Unidas (ONU) em finanças sustentáveis, membro do comitê consultivo do Chapter Zero Brazil (IBGC), e também a presença de Jandaraci Araujo, Conselheira de administração e fiscal da Future Carbon, Instituto Inhotim, WCD Brasil e Conselheira101.
No painel, Jandaraci Araujo alertou para a necessidade de programas de prevenção de tragédias nas empresas diante das mudanças climáticas, como enchentes, incêndios e secas. “Nesse momento, estamos vivendo a maior seca (da história) na região amazônica, e isso é muito preocupante. Há impactos”, disse.
Denise Hills alertou para os riscos das mudanças climáticas e ressaltou que novos investimentos são fundamentais para que os países possam cumprir as metas do clima do Acordo de Paris. “Vivemos no mesmo planeta. Além da questão dos riscos, temos oportunidades. O Brasil deve cumprir suas metas do clima, e receber mais recursos”, afirmou.
Jandaraci Araujo cobrou transparência e ética das empresas para relatar os riscos das mudanças climáticas para seus negócios. “Qualquer fundo de investimento estará muito atento às informações”, disse.
Em entrevista ao Grana News, Jandaraci Araujo argumentou que diversas empresas tiveram perdas com tragédias recentes (ex. enchentes em Porto Alegre/RS). “Muitas empresas não tinham planos de contingência para essas emergências”, afirmou.
Diante das perdas, os gestores de fundos de investimentos estão buscando as informações sobre os planos das empresas para prevenção de tragédias. Os relatórios são exigidos pelo padrão internacional de contabilidade (IFRS). “Existe uma dificuldade de precificação desses riscos pelas seguradoras. Quanto custa uma máquina parada debaixo d’agua? Quanto custa uma máquina que ficou inoperante por meses por causa de uma enchente?”, disse.
Congresso IBGC – IFRS S1 e IFRS S2
Para que os investidores de ações ou fundos de investimentos possam entender essa questão dos relatórios das empresas sobre os impactos das mudanças climáticas, vale lembrar que essas são novas normas do padrão contábil internacional (IFRS).
O chamado IFRS S1 passa a ser obrigatório para relatórios anuais iniciados após 1º de janeiro de 2024, enquanto o IFRS S2, também exigido, é mais concentrado em divulgações relacionadas às mudanças do clima.
Segundo as informações da organização International Sustainability Standards Board (ISSB) que define o IFRS, o objetivo do IFRS S1 é exigir informações sobre seus riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que sejam úteis aos usuários (investidores e gestores de fundos) de relatórios financeiros de propósito geral na tomada de decisões relacionadas ao fornecimento de recursos às empresas.
O IFRS1, a norma que detalha os Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade foi publicada em junho de 2023 pelo ISSB.
Por essa norma, o IFRS S1 exige que as empresas divulguem informações sobre todos os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que poderiam afetar razoavelmente os fluxos de caixa, seu acesso a financiamento ou custo de capital no curto, médio ou longo prazo.
Já o IFRS S2 é mais específico. A norma exige a divulgação de riscos relacionados às mudanças climáticas, e os planos de ação (planos de contingência, de emergência e de prevenção de tragédias).
Segundo o ISSB, o IFRS S2 se aplica a: riscos relacionados ao clima aos quais a empresa ou entidade está exposta, que são: riscos físicos relacionados com o clima; e riscos de transição relacionados com o clima; e oportunidades relacionadas ao clima disponíveis para a empresa ou entidade.
O IFRS S2 exige que a empresa ou entidade divulgue informações que permitam aos usuários de relatórios financeiros de propósito geral entender: os processos, controles e procedimentos de governança que a entidade usa para monitorar, gerenciar e supervisionar riscos e oportunidades relacionados ao clima; a estratégia da entidade para gerenciar riscos e oportunidades relacionados ao clima; os processos que a entidade utiliza para identificar, avaliar, priorizar e monitorar riscos e oportunidades relacionados ao clima, incluindo se e como esses processos são integrados e informam o processo geral de gerenciamento de riscos da entidade; e o desempenho da empresa em relação aos seus riscos e oportunidades relacionados ao clima, incluindo o progresso em direção a quaisquer metas relacionadas ao clima que tenha definido e quaisquer metas que seja obrigada a cumprir por lei ou regulamento.
Ou seja, com base nessas informações relevantes, investidores e gestores de fundos de investimento poderão tomar decisões sobre os riscos de investimentos em determinadas empresas e regiões do planeta.
Para concluir, as normas S1 e S2 existem e estão claras, mas precisam ser seguidas por empresas e entidades para alcançarem seus objetivos de enfrentamento às mudanças climáticas.

Fonte de conteúdo: 25º Congresso Anual do IBGC.
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