IPCA-15 de outubro
IPCA-15 de outubro mostra força da inflação. A prévia da inflação oficial registrou forte alta dos preços da energia elétrica e de carnes, ambos afetados pelo período de seca no Brasil.
Comentário do economista sênior do Inter, André Valério, sobre o resultado do IPCA-15:
O IPCA-15 registrou alta de 0,54% em outubro, acima do esperado, que era uma alta de 0,51%. Como antecipado, os principais fatores de alta foram energia e alimentos, mantendo tendência observada em setembro. Energia reflete a mudança na bandeira tarifária vermelha de patamar 1 para patamar 2, além da alta no gás de botijão. Alimentos avança pelo segundo mês consecutivo, refletindo principalmente os aumentos nas proteínas.
Na outra ponta, tivemos recuo no grupo de Transportes, com forte influência na queda das passagens aéreas de 11%, mas também refletindo a gratuidade do transporte público no dia da eleição em 1º turno e a estabilidade nos preços dos combustíveis.
Destacamos também a reversão na deflação de despesas pessoais, cujo resultado em setembro foi influenciado por campanhas de desconto em atividades de lazer. Além disso, observamos aceleração nos gastos com saúde devido ao reajuste autorizado pela ANS nos planos de saúde.
Com isso, observou-se pressões sobre a inflação do núcleo e da inflação de serviços. O núcleo acelerou de 0,17% em setembro para 0,43% em outubro, enquanto a inflação de serviços avançou de 0,17% para 0,27%, refletindo avanços de 1,50% na inflação de itens administrados e 0,59% dos serviços subjacentes.
Apesar do resultado dentro do esperado, o qualitativo do IPCA-15 não foi tão positivo, com piora em todas as principais métricas, inclusive a difusão, que avançou de 55% para 58%. Além das pressões dos itens voláteis como energia e alimentos, observa-se pressão vinda dos serviços, mas muito em parte por questões pontuais, como reajuste dos planos de saúde.
De todo modo, não esperamos que o resultado de hoje tenha impacto direto na próxima reunião do Copom, no dia 06, quando o comitê deve elevar a Selic em 0,50 ponto percentual. A expectativa agora é para eventuais ajustes fiscais que o governo possa implementar passada as eleições, principalmente no lado da contenção de gastos, que, se ocorrer, ajudará a desacelerar o PIB e retirar pressões da inflação.
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Comentário sobre IPCA-15 da Mônica Araújo, estrategista de alocação da InvestSmart XP:
A prévia da inflação de outubro apresentou um aumento de 0,54% no mês, superando as projeções do mercado, com o núcleo também vindo acima. O dado de hoje reforça a necessidade de aumento na taxa Selic de maneira acelerada e reforça que o Banco Central deve aumentar os juros em 0,5% na próxima reunião, que acontece em novembro. O IPCA-15 é negativo para os ativos brasileiros, que já estão pressionados por uma perspectiva fiscal incerta. Depois do resultado, os juros futuros abriram em todos os vértices, também suportados por um cenário internacional volátil nas últimas semanas.
O maior impacto individual para o crescimento do IPCA-15 foi do aumento da energia elétrica, que teve uma influência de 0,21 p.p na variação. Isso é explicado pela mudança que tivemos na bandeira de energia, que passou de vermelho patamar 1 para vermelho patamar 2, por conta dos problemas hídricos que o país tem enfrentado nos últimos meses.
Um outro grupo que também teve impacto relevante em outubro foi alimentação e bebidas, que teve impacto de 0,18 p.p no total da variação. O preço das commodities alimentícia vinha apresentando queda no primeiro semestre do ano, mas nos últimos 2 meses mostrou uma recuperação, o que explica essa elevação.
Apesar dos maiores impactos virem de preços voláteis (alimentação e energia), o núcleo da inflação, que desconsidera essas variações, também acelerou 0,42%, bem acima do consenso de mercado, que era de 0,34%. E os serviços subjacentes também apresentaram um aumento maior do que o esperado. (0,59% vs 0,39%).
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“Temos hoje uma notícia bem salgada sobre a inflação. A aceleração do IPCA-15 em outubro sinaliza uma inflação mais persistente do que o desejado, o que pode exigir um ajuste mais agressivo da política monetária. Dos nove grupos, oito tiveram alta. O aumento nos preços de habitação, especialmente da energia elétrica, e alimentos eleva o custo de vida, pressionando o Banco Central a manter uma postura mais rigorosa com a taxa de juros. Embora o setor de transportes tenha aliviado a pressão, o cenário ainda é inflacionário chegando cada vez mais perto do teto da meta, assim como já previsto no Boletim Focus dessa semana. Tudo isso deve influenciar a decisão do Banco Central na próxima reunião da Selic, a considerar, inclusive, um aumento de 0,50%”, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
“A aceleração do IPCA-15 para 0,54% em outubro indica uma pressão inflacionária mais intensa do que o esperado, especialmente em comparação com o avanço de 0,13% em setembro. Esse movimento tem surtido efeitos nos últimos meses, alguns fatores sazonais e específicos ainda pesando sobre os preços, como os custos de combustíveis e alimentos. Com a inflação acumulando uma alta relevância, o Banco Central pode ser obrigado a reavaliar a velocidade dos cortes na taxa de juros. Essa maior pressão inflacionária pode afetar o câmbio e as expectativas do mercado”, Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus.
“A alta do IPCA-15 mostra que a inflação continua sendo um desafio significativo, refletindo uma pressão persistente sobre os preços. O aumento nos custos de habitação, impulsionado pela alta da energia elétrica, e a elevação nos preços dos alimentos são sinais claros de que o custo de vida está subindo de forma mais acentuada. Isso coloca o Banco Central em uma posição complexa, já que será necessário equilibrar a desaceleração da economia com a manutenção do controle inflacionário embora o difícil rompimento no setor de inflação. O cenário geral ainda se aproxima do teto da meta inflacionária, o que pode influenciar a autoridade sobre a moeda a adotar uma postura mais cautelosa e até mesmo considerar ajustes nos cortes de juros nas próximas reuniões”, João Kepler, CEO do Equity Fund Group.
“O recente resultado do IPCA-15 de outubro tem importantes implicações para a economia brasileira. Com essa alta, o acumulado em 12 meses chegou a 4,47%, ultrapassando as expectativas do mercado e se aproximando do teto da meta de inflação de 2024. Esse resultado gera preocupação, pois pode levar o Banco Central a reconsiderar o ritmo de cortes na taxa Selic, dado que a inflação persiste em níveis elevados. Além disso, a alta dos preços de itens essenciais, como energia, mostra uma disfunção no mercado: se por um lado a conta de luz das famílias tem aumentado, por outro, a alta dos juros e preços de contratos de energia de longo prazo ainda baixos dificultam a implementação de novos plantas geradoras que poderiam ajudar a reduzir essa conta”, Felipe Vasconcellos, Sócio da Equss Capital.
“O resultado do IPCA-15 em outubro ultrapassa as expectativas do mercado e acende um sinal de alerta, pois se aproxima do teto da meta de inflação para 2024. Esse cenário reforça a preocupação com a persistência das pressões inflacionárias, principalmente em itens essenciais como energia, que têm um impacto direto no custo de vida das famílias, forçando o Banco Central a adotar uma abordagem mais cautelosa em relação aos cortes na taxa Selic. Além disso, a alta dos preços da energia elétrica reflete desequilíbrios no mercado, dificultando a implementação de novas infraestruturas que poderiam mitigar os custos no longo prazo”, Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest.
“Essa alta acima da expectativa do mercado reforça as preocupações inflacionárias, especialmente em um momento em que o Banco Central já começõu a realizar aumento da taxa Selic, revertendo a expectativa de flexibilização monetária que existia a um tempo atrás. O acumulado de 12 meses, está dentro da meta, mas os resultados acima das projeções indicam que as pressões inflacionárias persistem em diversos setores, como habitação e saúde. Esse cenário inflacionário mais elevado pode limitar as ações do Banco Central em futuras reuniões, já que há uma necessidade crescente de conter os preços sem prejudicar a recuperação econômica. A alta dos preços de serviços, combinada com o aumento dos custos habitacionais, pode impactar negativamente o consumo interno e afetar empresas dos setores de bens de consumo, varejo e construção. Por outro lado, a queda nos preços dos alimentos, como leite e carnes, representa um alívio parcial para os consumidores, mas insuficiente para neutralizar as pressões de outros itens. A manutenção dessas tendências poderá exigir novas elevações da Selic, o que afeta diretamente o custo do crédito e o financiamento para empresas”, Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
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