PIB do Brasil cresce forte e surpreende mercado

PIB do Brasil cresce 4% em 12 meses até setembro, e avança 0,9% no 3º trimestre de 2024, conforme dados do IBGE divulgados hoje (3/12). 

PIB do Brasil cresce forte e surpreende economistas. Imagem: Kjrstie / Pixabay

Indústria e Serviços apresentaram alta no período e compensaram a desaceleração do agronegócio no 3º trimestre de 2024.

Comentário da Monica Araújo, estrategista de renda variável da InvestSmart XP, repercutindo PIB:

O PIB surpreendeu novamente o mercado e em meio a um cenário incerteza fiscal, pode ser mais um fator considerado pelo Banco Central para elevar a Selic para 12% (+0,75 ponto percentual) na reunião da próxima semana. 

O aumento do PIB no terceiro trimestre foi de 0,9% sobre o 2T24, frente ao consenso de 0,8%. As contribuições positivas foram do setor de serviços (0,9%) e indústria (0,6%), enquanto a agropecuária caiu 0,9% no trimestre.  

Quando olhamos para os dois primeiros trimestres do ano, o crescimento do PIB mostrou uma desaceleração, como já era esperado, considerando que a taxa de juros opera em um patamar restritivo. 

Pela ótica da demanda, o grande destaque é o investimento (formação bruta de capital fixo), que cresceu 2,1%, o que é uma sinalização positiva, pois mostra que temos investimento para aumentar a capacidade produtiva do país. 

Para o Banco Central, o crescimento da economia acima do seu crescimento potencial, indica aquecimento na atividade, o que pode impactar na inflação futura. Com isso, temos a necessidade de aumento nos juros.

Comentário de Arnaldo Lima, economista e RI da Polo Capital, repercutindo PIB:

No terceiro trimestre de 2024, o PIB brasileiro cresceu 0,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior, totalizando R$ 3,0 trilhões.

Pela ótica da demanda, destacou-se a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que registrou alta de 2,1%. Já pela ótica da oferta, o crescimento foi impulsionado principalmente pelos setores de Serviços e Indústria, enquanto a Agropecuária apresentou retração.

Apesar do forte aumento na margem, a FBCF acumulada nos últimos quatro trimestres registrou crescimento de 3,7%, permanecendo abaixo da expansão do consumo das famílias (4,5%), que segue como o principal motor do crescimento econômico.

A revisão dos dados de 2023 e, sobretudo, o aumento do impulso fiscal registrado pela elevação do gasto do governo de 1,7% para 3,8% em 2023, apontam um crescimento revisado de 3,2%, o que gerará um carregamento estatístico maior e deve influenciar positivamente as expectativas do mercado, aproximando a projeção do PIB de 2024 para 3,5%.

Contudo, esses sinais de crescimento acima do potencial econômico levantam preocupações sobre o aumento das expectativas de inflação e crescem as apostas de um ciclo mais longo de elevação da SELIC, o que pode reduzir o nível de crescimento projetado para 2025.

Comentário de Gino Olivares, economista chefe da Azimut Brasil Wealth Management:

O IBGE acabou de publicar o resultado do PIB do terceiro trimestre. Foi registrado crescimento de 0,9% com relação ao trimestre imediatamente anterior, após ajuste sazonal, ficando marginalmente acima das expectativas do mercado (Mediana Bloomberg: 0,8%).

Com isso, o crescimento acumulado nos últimos quatro trimestres passou de 2,7% no segundo trimestre para 3,1% no terceiro.

O IBGE revisou também a taxa de crescimento do PIB em 2023 de 2,9% para 3,2%. Essa alta foi explicada pela revisão do crescimento do Consumo do Governo, que passou de 1,7% para 3,8%.

Analisando o crescimento com relação ao trimestre imediatamente anterior pelo lado da oferta, houve crescimento dos Serviços (0,9%) e da Indústria (0,6), enquanto a Agropecuária teve queda de 0,9%.

Pelo lado da demanda os destaques foram o Investimento (2,1%) e o Consumo das Famílias (1,5%).

Foi o décimo-terceiro trimestre consecutivo de crescimento do Consumo das Famílias e o quarto trimestre consecutivo de crescimento do Investimento.

Quando se olha a trajetória do crescimento acumulado nos últimos quatro trimestres, houve uma aceleração do crescimento, como mencionado.

Nessa métrica, os destaques pela ótica da oferta foram a Indústria e os Serviços, ambos com crescimento de 3,4%.

Pelo lado da demanda, os destaques foram as Exportações de Bens e Serviços (4,8%), o Consumo das Famílias (4,5%) e o Investimento (3,7%).

Resumindo, o resultado do PIB do terceiro trimestre veio em linha com as expectativas, e com crescimento disseminado.

Se não houver crescimento no quarto trimestre, hipótese pouco provável, o crescimento de 2024 seria de 3,0%, o que sugere que o resultado final deve ser superior a esse valor.

Para o ano que vem, as perspectivas são de um crescimento menor, basicamente pelo impacto das taxas de juros e pela esperada diminuição do impulso fiscal.

Comentário de Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, repercutindo PIB:

 O PIB brasileiro novamente apresentou um desempenho robusto e, no momento, nada indica que teremos, no curto prazo, uma reversão dessa situação.

O mercado de trabalho aquecido, o dinamismo na concessão de crédito e o alto volume de transferências governamentais têm contribuído para manter a demanda interna aquecida, vide o crescimento expressivo do ‘consumo das famílias’ e das ‘importações’ no ano.

Esses fatores geram um processo retroalimentativo, em que mais renda implica mais consumo, que por sua vez impulsiona a produção, que acarreta um número maior de contratações, e assim por diante. Até por esse motivo, as atividades ‘cíclicas’ (que mais respondem ao ciclo econômico interno) são o grande destaque no PIB de 2024, diferentemente do que foi observado no ano passado (veja o quarto gráfico abaixo).

Prospectivamente, a redução do impulso fiscal e a política monetária cada vez mais contracionista – que impactará a concessão de crédito – vão começar a pesar sobre a atividade econômica.

É justamente por conta desses fatores que esperamos uma desaceleração no crescimento do PIB de 2025, para 2,0%.

No entanto, no curto prazo a dinâmica supracitada continuará presente, de modo que existe um viés de alta para nossa estimativa para o PIB do quarto trimestre de 2024 (atualmente em -0,1%) e, consequentemente, para o ano (atualmente em 3,2%).

Análise de Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos:

O PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, em comparação com o trimestre imediatamente anterior. No acumulado em quatro trimestres, 3,1% de variação real.

Destaca-se, pelo lado da demanda, o aumento de 2,1%, na margem, da formação bruta de capital fixo (investimentos) e de 1,5% no caso do consumo das famílias.

Pelo lado da oferta, apesar da queda de 0,9% do agronegócio, também em relação ao segundo trimestre de 2024, a indústria avançou 0,6% e os serviços, 0,9%.

Vale destacar, no que se refere à dinâmica da indústria, o avanço de 1,3% do setor de transformação, refletindo possivelmente uma combinação ainda dos juros mais baixos, antes do ciclo atual de aperto monetário, e a taxa de câmbio mais favorável às exportações.

A dinâmica da demanda, no acumulado em quatro trimestres, mostra forte avanço do consumo das famílias, de 4,5%, com o governo apresentando alta de 2,9% e os investimentos, de 3,7%. As exportações subiram 4,8% e as importações aumentaram mais de 10%. O crescimento puxado pela demanda tende a arrefecer.

A saber, os dados da atividade econômica indicam que, até o encerramento de setembro, a economia ainda apresentava desempenho bastante robusto. Esse quadro deve se alterar entre o fim de 2024 e o próximo ano. O ciclo anterior da política monetária, que havia viabilizado taxas de juros menores, pode ajudar a explicar o bom desempenho.

Tendo em vista a pressão das expectativas de inflação e o dólar elevado, o Banco Central deve endereçar uma política monetária mais contracionista, com alta expressiva da Selic, propiciando um período de desaceleração da atividade.

Até o final de 2024, entendemos que o PIB deverá crescer acima de 3% e, para 2025, a economia deve sustentar um desempenho ainda positivo, mas mais próximo dos 2%.

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Notas de mercado

Aqui no Grana News, você terá informações sobre os principais assuntos da bolsa brasileira (B3), de acordo com relatórios de mercado.

AZZA3 – Azzas 2154

Azzas 2154 (Arezzo e Grupo Soma) anunciou pagamento de R$ 119 milhões em juros sobre capital próprio (JCP), o equivalente a R$ 0,575 por ação.

MGLU3 – Magazine Luiza

Magazine Luiza vendeu R$ 1,2 bilhão na Black Friday e o número de clientes cresceu 16% em relação ao mesmo período do ano anterior.

GOLL4 – Gol Linhas Aéreas

Justiça de Nova York (EUA) marcou para 20/12, o julgamento do acordo firmado entre a Gol Linhas Aéreas e o governo brasileiro sobre US$ 1 bilhão em tributos.

AGXY3 – Agrogalaxy

Agrogalaxy publicou plano de recuperação judicial.

PORT3 – Wilson Sons

Wilson Sons informou aumento de 35% na movimentação de contêineres em novembro.

ECOR3 – Ecorodovias

Ecorodovias firmou contrato para manutenção das operações portuárias e de carga da Ecoporto em Santos.

TAEE11 – Taesa

Ibama concedeu licença ambiental de instalação para a Taesa na concessão Ananaí.

BRKM5 – Braskem

Petrobras ressaltou que nenhuma decisão foi tomada sobre sua participação societária na Braskem.

PETR4 – Petrobras

Preço do petróleo do tipo Brent (do Mar do Norte) é negociado no patamar de US$ 72 por barril, e o tipo WTI (do Texas/EUA) na faixa de US$ 68 por barril.

VALE3 – Vale

Vale realiza hoje (3/12) seu encontro anual com analistas e investidores. Preço do minério de ferro sobe 0,5% em Singapura (Ásia), a US$ 105,15 por tonelada.

DOLA11 – Dólar e BRICS

Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse que pode aumentar tarifas em 100% dos países dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – se grupo substituir dólar por nova moeda do bloco econômico.

Com a notícia, o dólar subiu 1,1% ontem (2/12), a R$ 6,06 no mercado à vista da B3.

Tesouro Selic

Diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, sinalizou ontem que a Selic pode ficar elevada por mais tempo para que a meta de inflação seja atingida.

Poder executivo mandou ao Congresso, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do ajuste fiscal. O texto inclui o corte de supersalários do serviço público.

Fontes de conteúdo: Ágora, Avenue, B3, Bradesco, BTG Pactual, CVM, Itaú, Genial, Santander, Terra, Toro e XP.

Edição de texto e da página: Ernani Fagundes, jornalista especializado (MBA da B3) em informações econômicas, financeiras e de mercado de capitais.

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